Durante o processo de separação a dor é uma regra, como vivê-la é o que podemos alterar.
Uma perda romântica costuma ser motivo de bastante sofrimento, afinal iniciar um relacionamento já exige uma certa ansiedade e alinhamentos, encerrá-lo com certeza não é tarefa simples.
Envolve dois lados com as suas particularidades e oscilações. Por isso, vale a pena pensar e aprender sobre o tema. Quanto melhor sabemos, melhor escolhemos.
A ideia aqui é falar sobre o assunto do ponto de vista médico, como os sentimentos costumam aparecer e como lidar com eles.
Depressão? Ansiedade? Quando procurar ajuda de um psiquiatra?
Quando passamos por um fato que causa dor emocional, a depender da proporção, levamos um tempo de prejuízo funcional, na maioria das vezes com alteração de sono, apetite, concentração, entre outros. Uma separação conjugal geralmente é um processo que leva um período com várias fases e em alguns casos isso pode se prolongar, gerando o que chamamos de Transtorno de Adaptação ou Ajustamento. Cujos sintomas são iguais ao de um Episódio Depressivo, mas que só se instala pela vivência traumática de perda.
Cabe ao especialista (psiquiatra) avaliar quando a pessoa tem indicação de uso medicamentoso. Geralmente quando os sintomas de tristeza ocupam a maior parte do tempo, e/ou a pessoa passa a perder a sensação de prazer por um tempo prolongado junto com outras alterações, como prejuízo no sono, no ânimo, desejo de se isolar, pensamento ruminante, falta de energia, etc.
A dificuldade em se reestabelecer, em achar novos caminhos que levem a superação podem ser agravadas por este tipo de sintoma e o uso de medicações quando necessário, faz com o que o processo seja vivido de forma mais saudável e com menos perdas, contribuindo para que haja mais respostas racionais que auxiliam na tomada de decisões em um momento tão importante.
O tratamento medicamentoso quando indicado deve ser parte de um conjunto terapêutico, que na maioria das vezes inclui psicoterapia e outros autocuidados fundamentais nessa fase.
Ainda há claramente a dificuldade de muitas pessoas em aceitarem este tipo de ajuda, com receio de parecer “fraqueza”, ou desconforto em “precisar de um remédio”, mas sabemos que crenças dessa ordem não são reais.
Em tempos de alta exigência produtiva e com a ciência tendo evoluído tanto no campo das doenças emocionais, poder usufruir dessa ajuda é uma forma mais equilibrada de lidar com a dor. Mesmo porque ir ao psiquiatra não é igual a sair com uma prescrição, mas a ser criteriosamente avaliado e orientado.
A busca de autoconhecimento nessa fase é uma forma de viver o processo de maneira consistente e ajuda a transformar a dor em força para os desafio que a vida sempre trará, profissionais da área de saúde mental são importantes nisto, sem preconceito e com abertura, tudo pode ser mais leve.
Dra. Ana Carolina Lemos Corrêa, psiquiatra formada pela USP, especialista em Terapia Cognitivo Comportamental, sócia proprietária d’A Casa do Conhecimento, experiência clínica com foco em autoconhecimento e qualidade de vida.